sábado, 4 de outubro de 2014

3º Capítulo 2º Milagre

Tudo transcorria muito bem e a felicidade era nossa companheira constante, quando uma noite tive um sonho muito estranho.  No sonho estava eu com minha filha Daniela , então com 10 meses, na janela da frente de nossa casa , quando do outro lado da rua surgiu um veículo estranho. Tinha a forma de uma nave, porem oval e bem pequena. Abriu-se a porta superior do veículo e de lá saiu um Ser feminino, digo "Ser" pois não consegui gravar suas formas físicas, mas sabia tratar-se de uma mulher. este Ser, dirigiu-se a nós e me disse:- "Existe alguém no Astral, querendo se comunicar, vai tentar mais uma vez na madrugada de sábado para domingo, mas se não conseguir esta criança vai ficar enferma e só será salva através de nós.
Falando isto entrou novamente no veículo e sumiu. Na madrugada de sábado para domingo acordei exatamente as 4 horas, e pensei, será que ninguém vai se comunicar em sonhos? Neste exato momento senti como que alguém me tocando fisicamente no braço, ao me virar vi a figura de minha vó materna já falecida, mas assim como apareceu ela sumiu. A partir daquele momento em diante comecei a ficar nervosa, impaciente, via sombras a minha volta e estranhos ruídos.
 Um m~es mais tarde minha mãe me chamou a atenção para o meu mau humor e agressividade.
Foi então que Claudio, um primo de meu pai me aconselhou ir a um Centro Espírita, pois o meu estado era típico de um chamado "encosto" ou seja "obsessão". Na ocasião a ideia não me pareceu interessante, não que tivesse algo contra , pois apesar de minha formação religiosa ser Evangélica Lutherana  meu interior era Universalista.
 Contudo como minhas sensações desagradáveis fossem ficando cada vez mais frequentes e as reclamações dos que me cercavam também, decidi acolher o conselho do primo Claudio e procurar um Centro Espírita.
Nada conhecia de espiritismo e lá chegando também não obtive nenhuma explicação preparatória. Junto aos demais que lá se encontravam, assistimos a uma palestra sobre o Evangelho, recebemos um passe, depois fomos conduzidos a uma grande sala onde mais ou menos 50 pessoas se acomodaram em cadeiras encostadas as paredes. No centro, em volta de uma mesa , onde na cabeceira sentou-se o Diretor do trabalho de desobcessão, acomodaram-se cerca de 25 médiuns. Depois de uma pequena prece de abertura o diretor dirigiu-se a cada uma das pessoas presentes indagando, de quem elas estariam aguardando a comunicação.Os médiuns então um de cada vez  se manifestavam em respostas, ora chorando, ora se lastimando, ora aconselhando. Chegada a minha vez quando o diretor indagou-me quem eu achava que queria se comunicar ,lembrei-me da imagem de minha avó materna e comentei achar ser ela. O médium , quase pulou da cadeira dizendo...-"Eu não sou vó de ninguém, vim aqui para me vingar, pois existe um mar de sangue entre nós dois!   Sinceramente depois destas palavras , não lembro de mais nada, pois achei de um profundo ridículo, considerando que eu me "achava" uma pessoa justa e que conscientemente não possuía inimigos. e sem entendimento de que vivera outras vidas saí dali dando de ombros e até rindo!
A partira daquela tarde , não senti mais nada estranho, e também voltei a minha calma e docilidade normais.
No entretanto, lembrem-se do meu sonho, onde aquele Ser me disse que se esta "alguém no astral" não conseguisse se comunicar comigo, minha filha ficaria enferma. Pois foi exatamente o que aconteceu!
Mais alguns dias e Daniela que só estava com 1 aninho, começou a puxar da perninha direita. A princípio pensando tratar-se de uma distorção fomentei com pomadas e preparados de arnica. como não melhorasse e ela cada vez se queixasse mais e mais, e com o tempo apresentasse dificuldade ao caminhar, consultamos o pediatra da família. Começou então uma verdadeira romaria a especialistas das mais diversas áreas (sete ao todo). Foram 4 meses de exames radiográficos e consultas, para no final o especialista em Sistema circulatório me dizer. Nada há de errado clinicamente falando, e que paralisia infantil não era, pois ela tinha as vacinas, mas que infelizmente minha filha estava "paralítica", e que eles nada poderiam fazer pois era uma paralisia sem causa. O desespero que se abateu sobre todos nós, pais irmãos avós foi enorme e absoluto.
Ver aquela criança tão linda e saudável até ali...paralitica , e o que era o pior com dores, e sem que os médicos pudessem ajudar foi terrível para todos! Foi minha mãezinha quem se lembrou de uma vizinha minha  Pupi, que era espírita e frequentava o Círculo da Luz em Porto Alegre, onde atendia o espírito do Dr. Fritz.
Fui até ela relatando-lhe o que estava ocorerndo, e ela imediatamente me aconselhou a ir ao Hospital Espírita onde atendia o Dr, Fritz, aos sábados pela manhã. Fomos meu marido, eu e Daniela no sábado subsequente. Em lá chegando o desespero mais uma vez se apossou de nós,pois o número de pessoas a serem atendidas era tão grande, que só teríamos consulta dali a três meses. Ao me ver chorar uma senhora que estava próxima me aconselhou a colocar o nome da criança em um papel e entregar a enfermeira, pois se o caso fosse grave ela seria chamada com urgência. Assim fizemos! Não levou um minuto nos convidaram a entrar. Quando chegamos a sala de consultas do médico (médium), a enfermeira perguntou  ao Dr. Fritz , se era para deitar a menina doente, ao que ele respondeu.  "Não, a menina e o pai podem voltar para a sala de espera, quero só falar com a mãe!" A senhora entre por favor! Colocou uma cadeira ao lado da sua e convidou-me a sentar. Perguntou-me então se eu estava lembrada do que acontecera a seis meses atras. Respondi então que não 6 mas 4 meses que Daniela estava enferma, ao que ele argumentou.
Não estou falando da menina, estou falando do sonho que a senhora teve, do que lhe foi dito, da sua ida ao Centro Espírita, da sua reação às palavras do espírito. A senhora é espiritualmente falando, mais forte do que ele, desta maneira ficou fora do alcance, mas a menina é mais frágil e foi atingida com o processo de paralisia que esta ser possuía enquanto encarnado. Esta foi a maneira de lhe atingir. Acontece que a senhora antes de nascer para esta vida atual comprometeu-se a desenvolver sua mediunidade, e ajudar ao próximo e não o fez ainda! Esta é a maneira de pressiona-la. Agora, se vai resolver a mediunidade,onde e quando, o problema é seu. A senhora queria saber o que estava acontecendo com sua filha, e é isto.
Agora me de licença pois tenho muitas pessoas a atender, passe bem!
Saí dali perplexa! Como aquele homem que não me conhecia, que eu nunca vira, sabia detalhadamente de tudo que acontecera comigo? Já expliquei anteriormente que desconhecia completamente a doutrina espírita, por isto a perplexidade. Atônita regressei a minha casa com Daniela e meu marido.
Lá chegando imediatamente liguei para minha mãe , pois ela fora sempre para mim a pessoa mais  amiga e minha confidente. Minha mãe me ouviu e ao termino de minha narrativa, falou  : - "filha tenho uma amiga que trabalha em um Centro Espírita vou ligar para ela e pedir que nos oriente.
Paulita, como se chamava a amiga de minha mãe aconselhou-me ir no dia seguinte ao referido Centro Espírita, pois de imediato ela telefonaria para a Vice-presidente indicando meu caso a ela.
No dia seguinte respirei fundo e dirigi-me ao Centro Espírita ainda temerosa , pois a primeira experiência não me fora agradável. Ao chegar ao Centro Espírita Chico Xavier em Petrópolis Porto Alegre, minha impressão foi das melhores. Senti-me instantaneamente em casa. Recebida pela irmã Maura e aconselhada por ela, tomei lugar entre as pessoas que lá estavam para assistir a palestra e esperei. Meus olhos percorreram o ambiente que não era muito grande, era uma sala que fazia parte de um chalet de madeira. Varias filas de cadeiras constituíam a plateia  cheia de pessoas  silenciosamente reverentes, enquanto uma música suave chegava aos nossos ouvidos. Em nossa frente estava uma mesa retangular coberta por uma alva toalha e no centro um vaso com rosas brancas exalavam um maravilhoso perfume. Em torna da mesa estavam 12 cadeiras. Na parede oposta a plateia , um quadro de Jesus Cristo. Ao olhar aquela fisionomia a emoção tomou conta de mim e as lágrimas rolaram sobre minhas faces. Desde pequena a visão daquela imagem me atraia e emocionava sobremaneira. Lembro-me que minha avó materna tinha sobre a cama um quadro de moldura de madeira polida na forma oval com a imagem de Jesus. Sempre que eu entrava no quarto de minha avó e meus olhos encontravam aquele olhar eu ficava como que hipnotizada e emocionada.
É claro que esta quadro está hoje comigo em meu quarto.
Dentro daquela emoção que me inundava ali no C.E. chorei muito, sem me importar com o que as pessoas que me cercavam pensassem. Alguns minutos decorreram até que um grupo de pessoas adentrou o ressinto e foi tomando,lugar a mesa. O silêncio da plateia era respeitoso. Somente os acordes daquela música suave inundavam o ambiente. Mais alguns instantes e uma senhora que estava sentada ao centro da mesa de frente para a plateia levantou-se tomou do microfone e com voa pausada e calma, cumprimentou-nos convidando-nos a acompanha-la mentalmente na prece que seria proferida! Logo após tomando do Evangelho abriu-o ao acaso e leu um capítulo. Ao terminar a leitura fechou-o descansou-o sobre a mesa e após alguns instantes de concentração iniciou a palestra. Chorei o tempo todo era um choro indescritível!
 Não era de tristeza, mas de emoção, como se ali eu estivesse me reencontrando com alguém ou algum lugar muito especial e querido! Hoje eu sei que estava  ME reencontrando! Depois da palestra as pessoas que seria atendidas receberam um papel e sentaram-se em um corredor em frente a várias salas, com uma cortina em lugar das portas. Tomei lugar e fiquei aguardando. As pessoas entravam uma a uma para serem atendidas. Quando da minha vez entrei nesta salinha onde estavam 6 médiuns e o diretor do trabalho que se dirigiu a mim explicando-me detalhadamente o que iria acontecer e me dar carinhosamente as boas vindas!
Não poderia dizer o que ouvi naquele dia, pois sinceramente não lembro. Creio que a emoção que estava sentindo deixava-me como que suspensa no ar como se eu estivesse meio ausente.
Depois do atendimento fui conduzida até a irmã Maura, que então conversou comigo, ouvindo pacientemente o meu relato. Concluído falou-me que eu deveria(se quisesse, é claro) iniciar um curso para médiuns ainda aquela semana, afim de começar meu trabalho de auxílio dentro  da doutrina espírita.
Inútil dizer que assenti de imediato. E foi assim que iniciei meu aprendizado espiritual, ou deveria dizer...recomecei? Vinte dias se passaram desde que eu estivera com a Daniela em consulta ao Dr. Fritz , e Dani após o meu início de aprendizado na Casa espírita espantosamente foi melhorando e ficou inteiramente curada, sem interferência médica ou medicamentosa.

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